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Resenha
Switched at Birth
A minha paixão por séries não é segredo para ninguém. Comecei por Friends, passei por House, How I Met Your Mother, Breaking Bad... uma lista imensa de séries que conquistaram o coração de milhares de pessoas ao redor do mundo. Mas o que muita gente não sabe é que há quase 2 anos atrás, em um site que fornecia links para download e resumos de diversos seriados, eu descobri Switched at Birth. Meu tesourinho.
Como o próprio nome indica, a história começa com duas meninas que foram trocadas na maternidade e só descobrem aos 16 anos. A base da história é bem previsível: uma família é rica e aparentemente perfeita, a outra, pobre e fragmentada.
Bay cresce como Kennish, rica, filha de um jogador de beisebol aposentado, com um irmão mais velho playboy e uma mãe dondoca, mas na verdade deveria ter crescido como Vasquez, identidade que foi dada a Daphne, que acabou sendo criada por uma mãe, solteira e ex-alcoólatra.
O marido de Regina Vasquez, ao ver uma filha ruiva que não tinha nenhuma semelhança com a família de origem latina, abandona o lar e deixa a esposa morando com a mãe. Nesse tempo, Daphne adquire meningite e perde a audição. É aí que começa a beleza da história.
De todas as séries que acompanhei, Switched at Birth é a que lida com preconceitos de uma forma mais diversificada: começa mostrando ao telespectador como é o universo da surdez, e vai avançando para outras áreas como Síndrome de Down, racismo, alcoolismo, aborto, estupro, homofobia... e tudo isso da forma mais real e natural possível.
Sempre me considerei uma pessoa sem preconceitos, mas essa série me fez compreender universos dos quais não faço parte e me fez ver o mundo com outros olhos.
A série está caminhando para a quinta temporada e eu não sou capaz de resumi-la em um único artigo, então vou falar dos três episódios que mais me marcaram (SPOILER ALERT):
- O primeiro é completamente passado como se o telespectador fosse surdo. Não há um único ruído. São cerca de 40 minutos sem ouvir absolutamente nada, e posso afirmar que é um pouco assustador, mas ao mesmo tempo dá uma perspectiva de mundo nova – permite que nós entendamos um pouco como é esse universo tão diferente.
- O segundo trata-se de um trabalho voluntário que Bay e Daphne fazem no México para ajudar crianças surdas no país. A perspectiva agora já é voltada para como a deficiência é tratada em um país subdesenvolvido e garanto que é bem mais assustador do que os 40 minutos passados em silêncio no primeiro episódio mencionado.
- O terceiro é mais recente, já da quarta temporada. Nele, o irmão biológico de Daphne descobre que vai ser pai de uma criança com Síndrome de Down e enfrenta o impasse de ter a criança ou abortar. Para tomar a melhor decisão possível, ele vai a uma escola de crianças especiais e se encanta por uma menininha portadora da síndrome. Com toda a comoção, ele decide ter a criança e encarar os desafios que estão por vir e sua família faz uma surpresa onde todos calçam as meias coloridas (símbolo da Síndrome de Down) como forma de apoiar sua decisão.
O roteiro na maior parte do tempo é bobo, com dilemas, ciúmes e intrigas de adolescentes, mas ao mesmo tempo traz um insight que muitas séries mais elaboradas não conseguem. A produção peca na pouca divulgação e no baixo engajamento em causas sociais, algo que poderia ser vastamente explorado devido à temática, mas apesar dos defeitos, não consigo largar a série.
Switched at Birth nos dá a oportunidade de amar e nos identificar com personagens independente de raça, opção sexual ou classe. Permite que olhemos para pessoas portadoras de deficiência e analisemos o seu caráter, sem influência da sua condição. Sem sentir pena.
Precisamos de mais Switched at Birth no século XXI. Precisamos nos abraçar, gays, heterossexuais, surdos, cegos, negros, latinos, ricos, pobres. Precisamos nos libertar das amarras criadas pela sociedade ao longo dos anos e conviver da mesma forma que as duas famílias da história fizeram: nos tornando um só.

Por Tallyne Vasconcellos
Estudante de Engenharia Química, 23 anos, pernambucana e co-fundadora do site. Exatas com coração de Humanas, apaixonada por viagens, literatura e cinema. Ama desenhar, jogar GTA, assistir Netflix, aprender novos idiomas. Sonha em conhecer o mundo e ter uma biblioteca particular.