rascunhando

 

 

...filha, tô indo também.

 

Em 2014 fiz as malas e me preparei para viver um sonho: morar no exterior. Foram 21 anos de planos e expectativas condensados em 12 meses de um intercâmbio universitário. A felicidade era tão grande que mal houve espaço para lidar com a dor da separação. “Tenho 1 ano para viver o que sempre quis, para absorver o melhor que o mundo tem a me oferecer”, foi o que pensei. E foi como agi.

 

Posso falar com toda a certeza que essa foi a experiência mais gratificante da minha vida. Cresci e me reconheci. Mais do que isso, me aceitei e me amei como jamais tinha me amado. Aprendi sobre o melhor e o pior de mim. E de outras pessoas também. Foram dez anos vividos em um.

 

Mas aí veio a volta. Ah, a volta.

 

Enquanto estava fora, minha mãe arrumou as malas e mudou de estado. Voltei para uma casa de cômodos vazios. Voltei para casa, mas o lar não estava ali.

E aí veio a solidão. "A felicidade só é real quando compartilhada" - a frase de Alexander Supertramp nunca fez tanto sentido.

 

Chorei, li sobre depressão, bebi mais do que devia para poder chorar mais. Abusei da paciência dos amigos mais próximos. Sentei no fundo do poço e me deixei ficar ali. Vesti a camisa do fracasso e me adequei ao cenário.

 

E aí vieram os "50 meses em 5". Um crescimento e um reconhecimento maior do que o vivido no intercâmbio. Um amadurecimento impossível de ser descrito em poucas palavras.

 

Dessa vez, no lugar de Alexander Supertramp, decidi tomar como lema uma frase de minha autoria: "enquanto tiver forças, farei o melhor daquilo que foi feito de mim". Passei a me colocar como personagem principal da minha própria história e dei mais valor aos melhores coadjuvantes. Com direito a premiação e tudo. E olha, eu tenho me amado mais ainda. E tenho dado espaço para coisas antes impensáveis. Como esse site. Como o amor, em suas várias formas. E a vida, vivida do jeito que merece.